MANHÃ DE DOMINGO

É manhã de domingo, dessas meio nubladas, dessas que dão uma preguiça gostosa, uma nostalgia na alma e nenhuma vontade de sair da cama.

O celular desperta, são 8 horas! Ele acorda assustado, desliga rápido e olha para o lado, ela ainda de olhos bem fechados, dorme o sono dos contos de fadas encantadas ou o sono do cansado da semana pesada.

“Ainda bem” pensa ele.

Levanta sorrateiramente da cama, como Tom Cruise em Missão Impossível, vai à ponta dos pés até a porta, abre o suficiente para esgueirar o corpo pela fresta. A luz que entra, bate e some num piscar de olhos.

Corre pra cozinha, se espreguiça, enquanto boceja!
Quebra os ovos na frigideira, prepara um suco de laranja natural, uma vitamina também. Um misto quente, talvez? Sim, ela adora o queijo meio “queimadinho”! Não se esquece das bolachas e da geleia de morango que ela mesma escolheu no supermercado, naquele sábado passado.
Mas ainda falta algo…

Corre pro jardim! Shiuuuu! Manda o cachorro parar de latir, “ela não acordou” diz ele e tudo silenciou, parece que o companheiro concordou. Pegou três flores que brilhavam sob o sol, eram lilás, pra ele a cor do domingo e sua brisa de paz.

Pobres das três flores morreram para enfeitar uma bandeja de amor, mas essas até que tiveram sorte, poderia ser pior, poderiam morrer para enfeitar a morte.

Tudo pronto? Quase pronto, ela adora mel na omelete, parece que se derrete toda com doce no salgado.

Caminha rumo ao quarto, “será que ela tá acordada?” Se pergunta baixinho enquanto empurra com o pé a porta do quarto.

Na cama, ela tinha mudado de lado, virada para onde antes ele estava, abraçava o travesseiro, parece que para sentir o seu cheiro. Colocou a bandeja na beirada, perto da ponta da coberta.

Olhou pra ela com ajuda do pouco de luz que entrava pelas pequenas frestas da janela, e era como se só ela existisse. E ele mero mortal com sua bandeja metálica cheia de oferendas feitas para a sua deusa. “Deus me livre se ela acorda e me vê assim parado feito bobo”, pensou. Ia rir de mim, constatou.

Chamou baixinho: “amor, amor…”. Passou a mão na perna descoberta e sussurrou: “hei, já acordou?” Ela abriu um olho e com as costas da mão esfregou o outro e num ciclo vicioso de almas gêmeas também bocejou: “que horas são?” falou com voz rouca. “É cedo ainda”, ele respondeu. “Mas, eu fiz o seu café!”

Ela se sentou na cama e o abraçou, beijou e alisou seu rosto. Ele só sorriu. Comeram os dois quase em silêncio, depois ela deitou no peito dele e dormiu. Ele só sorriu. Fechou os olhos e imaginou como seria a vida ao lado dela, dali para sempre e também dormiu.

L.

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