BRINDEMOS*

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Um brinde a minha pretensão desproporcional
Um brinde a nossa ignorância que já tão normal
Um brinde aos segredos que nasceram e morreram comigo
Um brinde aos humanos e a capacidade de só olhar o próprio umbigo.

Um brinde de sangue ao ódio e a violência nacional
Um brinde orgulhoso aos nossos políticos e sua realidade surreal
Um gole de preguiça a nossa juventude e seu brilho perdido
Uma lágrima aos revolucionários, exilados, caras pintadas que se foram
Mas, não deviam ter ido, que morreram, mas não deviam ter morrido.

Um pouco mais de repudio aos que brindam a desigualdade social
Um pouco mais de repudio aos que fazem daqui um lindo reino desigual
Um pouco mais de atenção ao choro que não deveria, mas foi contido
Um pouco mais de atenção ao riso que não era, mas foi escondido.

Um brinde aos humanos e a capacidade de só olhar o próprio umbigo
Um brinde de sangue ao ódio e a violência nacional
Um pouco mais de atenção ao choro que não deveria, mas foi contido
Um brinde a minha pretensão desproporcional.

L.

*texto de 24/11/10.